O que me inspirou a escrever sobre a minha visão de uma sala de aula moderna foi um artigo que uma de nossas coordenadoras escreveu sobre as mudanças no ensino e como isso afeta nossa vida na sala de aula como professores. O artigo reflete bastante a minha trajetória como professor e também como aluno.
É horrível passar pela vida escolar sentindo-se incapaz, simplesmente por não se identificar com o modelo de ensino. Danos inimagináveis à confiança e à autonomia de muitas pessoas são causados sem que se perceba. Assim sendo, para dar continuidade ao tema, precisamos tocar dois pontos de extrema importância para que comecemos a repensar a forma de ensinar: disposição da sala de aula e tecnologia.
Por onde começar a inovar para ter uma sala de aula moderna?
O primeiro passo é entender que você, educador, precisa abrir mão do controle absoluto. Alunos não são soldados. Atenção: não estou dizendo que você deve deixar a turma sem direcionamento ou que o caos despropositado se instaure. Abrir mão do controle significa confiar no poder das suas intervenções e na autonomia dos alunos. Essa nova proposta pedagógica, aliás, é um dos alicerces da educação 4.0. Uma aula bem planejada engaja e dispensa controle ou fiscalização constantes.
Precisamos dar espaço para que as peculiaridades de cada um se manifestem. A experiência em sala atrelada a emoções positivas engaja o aluno e facilita o processo cognitivo, causando um efeito fantástico na absorção da informação.
O formato
Mesmo sendo um tópico que gera polêmica, fica difícil falar de uma sala de aula moderna sem falar do posicionamento do professor em relação à turma. Poucas coisas me deixam mais frustrado do que ver uma sala de aula organizada em fileiras, com a turma de frente para a lousa. Será que ter o professor centralizado, de pé, muitas vezes andando vigorosamente de um lado para o outro deixando os alunos inquietos é a melhor maneira de dar andamento à aula?
A clássica disposição de fileiras impossibilita uma série de fatores, por mais treinado e atento que o educador seja. Os alunos têm poucas variações de padrão de interação, não têm controle sobre suas ações, ficam restritos a olharem para frente para prestar atenção no professor e, por fim, acabam virando para o lado para conversar com o colega.
O processo de aprendizagem tem de ser autônomo, e restringir a movimentação e o posicionamento dos alunos não é a melhor maneira de suprir essa necessidade. Portanto, nos cabe engajar o aluno para que essa liberdade seja bem direcionada.
Por que não organizar a sala em um semicírculo ou estações de trabalho e monitorar os grupos de perto, prestando apoio quando necessário?
Garanta que suas decisões sejam baseadas na produtividade e não na necessidade de controle. É preciso aceitar que o melhor formato de organizar uma sala de aula moderna é o que gera mais engajamento e bem-estar, fatores essenciais para um processo de aprendizagem de qualidade.
A tecnologia não é inimiga
Celular na sala de aula talvez seja o inimigo número um do professor. Como competir com a informação instantânea, os vídeos, jogos e tudo o que há de mais interessante e atual no mundo? É fácil perceber que é justamente todo esse engajamento que buscamos quando preparamos nossas aulas e que competir, muito provavelmente, não seja a melhor estratégia.
Aceitar o celular dentro da sala de aula pode ser um dos passos mais difíceis que você vai dar em sua vivência de sala de aula, porém, sem dúvida um dos mais compensadores, e o começo da caminhada em direção a sala de aula moderna. Afinal, se a tela exerce essa atração inevitável, também se torna mais um excelente meio para engajar, transmitir conhecimento e criar novos padrões de interação.
Kahoot!
Existem diversos aplicativos que fazem bom uso da conexão entre aparelhos, e pretendo falar mais sobre como utilizá-los em sala num próximo artigo. Porém, sinto que é essencial iniciar essa conversa com o Kahoot, pois é um aplicativo que exemplifica o quão simples e revolucionário um app pode ser. Sem contar que, foi o grande responsável por acabar com a última sombra de dúvida que eu tinha a respeito do uso de tecnologia em sala.
Kahoot! É um site que permite a criação de quizzes interativos. O professor cria ou seleciona um quiz das dezenas de milhares já existentes separados por tópicos. Os alunos participam e competem, cada um com um dispositivo móvel para selecionar as alternativas que julgam corretas durante a partida. Eles riem, pulam, gritam, se emocionam, e aprendem.
Todos participam e se expõe à medida que se sentem confortáveis. Pode ser utilizado para warmups, wrap ups, exercícios de prática controlada, e o que mais sua imaginação permitir. Tudo num clima animado e dinâmico. Nunca vou esquecer meus alunos de uma turma de preparatório, que tinham tudo para estarem cansados após uma manhã exaustiva na escola, mas que se transformaram em participantes inabaláveis ao ouvirem a característica musiquinha do site. O conceito de sala de aula moderna começava a ficar claro.
Simples, customizável, divertido, e muito mais rápido para preparar do que uma atividade com impressos. Acredite, o Kahoot! é só uma das ferramentas maravilhosas que vieram pra ficar.
Um universo para explorar na sala de aula
A imaginação é e sempre será algo a ser explorado e desenvolvido, principalmente dentro de uma sala de aula moderna. Além de trabalhos artísticos e contações de história, podemos contar com ferramentas tecnológicas que permitem imersão e, consequentemente, contextualização.
Imagine aprender sobre história e navegação em uma baía pirata, ou estudar a fauna com aplicativos que não só criam modelos 3D de animais, mas também reproduzem seus sons e até informam sua dieta e população atual.
Ao contrário de um livro didático pensado de forma linear, tais ferramentas permitem um processo muito mais autônomo e intuitivo. A combinação dos dois pode apresentar resultados fantásticos.
O melhor? Isso tudo já existe e pode ser acessado facilmente.
Entender e abraçar mudanças positivas
A princípio, abrir mão de velhos hábitos pode ser difícil. É importante estar confortável com comportamentos que tradicionalmente são encarados como indisciplina. Aceite que alunos cinestésicos tendem a levantar mais frequentemente da cadeira, que alguns momentos de descontração fazem bem e que tentar abafar toda e qualquer situação que fuja do seu planejamento é nocivo e infrutífero.
No contexto do ensino bilíngue, seu papel como educador é planejar aulas que contemplem as habilidades cognitivas, diferentes perfis de aprendizagem, diferenças culturais e os demais fatores que influenciam a sala. É pensando também nesse modelo de sala de aula moderna, que a YOU desenha seus cursos e planos de aula. Assim, resta ao professor incorporar a mudança e quebrar paradigmas.
Devemos atuar como guias, provendo o máximo de ferramentas e caminhos possíveis para que estes alunos encontrem, nesse modelo de sala de aula, a maneira que mais se adequa ao seu estilo de aprendizagem. Além disso, e tão importante quanto, para que ninguém mais se sinta inadequado ou que não tem capacidade para estar presente.
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Excelente artigo sobre metodologias inovadoras e sua importância para o desenvolvimento de habilidades como no caso de outra língua! Parabéns
Olá Paulo,
Que bom que gostou! 🙂
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