A figura do coordenador pedagógico como conhecemos hoje é relativamente nova nas escolas. Até a década de 90, as atribuições desse profissional eram basicamente apoiadas numa única função: a de supervisionar os professores. Ou seja, com base no plano de aula, ele tinha a responsabilidade de fiscalizar, averiguando se os educadores atuavam em concordância com os objetivos e planejamento propostos.
O coordenador pedagógico é um profissional que foi se adequando a novos papéis ao longo dos anos e, com a LDB (Lei de Diretrizes e Bases), a sua função ganhou novos formatos. Hoje, ele se tornou uma das figuras mais importantes no ambiente escolar.
Visto que a escola tem como princípio básico educar, ele é responsável pelo desenvolvimento do processo educativo e parte do sucesso escolar. Enquanto liderança pedagógica, esse profissional é o elo que liga todos os pontos desse processo, perpassando pela instituição, alunos, professores, famílias e recursos. É ele quem dá o primeiro passo para se lançar ao novo, caminhar pelo desconhecido e se arriscar dentro da escola, que, por sua vez, deve ser um organismo vivo e em constante transformação.
O papel do coordenador pedagógico começa pelo planejamento de cada professor, a fim de garantir que cada um deles entregue o seu melhor, de acordo com as especificidades da sua área de atuação e do segmento em que atua. Mas será que se resume a isso?
Confira 5 maneiras de como o coordenador pedagógico pode ajudar o professor, a partir das suas atividades de rotina e funções dentro da escola.
1. Garantir a formação continuada dos docentes
A formação inicial dos professores no Brasil nem sempre prepara o profissional para a realidade da sala de aula, principalmente no que concerne à adequada condução de uma classe, à disciplina, às diversas formas de aprendizagem e a outros aspectos que geralmente apresentam lacunas na formação do recém-formado, inclusive pela falta de experiência.
E o coordenador pedagógico, por sua vez, precisa exercer a sua função formativa, que está diretamente ligada ao estímulo à formação continuada dos professores. Isso pode ser feito por meio da orientação de como melhorar as suas práticas em sala de aula, ao propiciar a realização de cursos de formação dentro ou fora do ambiente escolar, além de verificar as dificuldades do profissional, para que seja possível pensar em estratégias para que ele avance em sua prática pedagógica.
2. Organizar ações pedagógicas
Durante os conselhos de classe, por exemplo, o coordenador pedagógico pode abrir uma conversa sobre questões relacionadas ao desempenho e à avaliação dos alunos.
Deste modo, é possível averiguar se a aprendizagem está de fato ocorrendo, os processos de ensino adotados, as práticas que têm funcionado ou não, ocorrências e faltas, o porquê de algumas turmas se mostrarem mais avançadas nas avaliações do que outras, etc. Isso tudo com o intuito de trocar informações, ter uma visão mais aprofundada do cenário escolar e integrar a equipe. Também podem ser organizados projetos interdisciplinares, incentivando o trabalho em grupo, em que o coordenador pedagógico define um determinado tema a ser trabalhado por todas as disciplinas, como matemática, português, história, geografia, inglês e outras.
3. Ser o elo de comunicação entre todos os envolvidos no processo educacional
Além da comunicação com os professores, o coordenador pedagógico precisa dialogar com os alunos e, sempre que necessário, com os familiares. Seja para entender as quedas de rendimento, saber por que as tarefas de casa não estão sendo feitas, o motivo dos atrasos na chegada, entre outras dificuldades apresentadas por determinados estudantes.
Da mesma forma, ele é responsável por prestar o suporte ao docente em relação aos estudantes que apresentam necessidades específicas de aprendizagem. É importante que ele tente entender e saiba identificar certos impasses como, por exemplo, o fato de um aluno não aprender por não enxergar o quadro ou não conseguir escutar o professor em sala, não ter uma rotina de estudo em casa, não se alimentar de forma adequada, etc.
Além disso, nesse quesito, também entra a ação estratégica de evitar o isolamento do professor, colocando os docentes em contato uns com os outros, tanto para a troca de informações e conhecimentos, que estimulam a construção de novas propostas pedagógicas e institucionais, quanto para a integração e fortalecimento da equipe.
4. Inserir novas práticas pedagógicas
Estar à frente das metodologias alternativas e da forma de conduzir o processo de desenvolvimento da escola são alguns dos principais indicativos de como ser um bom coordenador pedagógico. Ainda mais em tempos de novas tecnologias e ferramentas digitais à disposição, que tornam a escola conectada e mais eficiente, e contribuem tanto para a organização de processos internos quanto para o engajamento dos alunos e para o processo de ensino-aprendizagem.
Para isso, o profissional precisa estar sempre informado, buscar as novidades que surgem constantemente no mundo, não somente em relação às novas tecnologias, mas às metodologias de ensino, à compreensão de teorias e processos de aprendizagem e à ampliação do seu repertório cultural, dentre outras questões pertinentes ao universo educacional.
A ideia é que essas novidades sejam sempre trazidas para os professores e sejam estudadas possibilidades de melhorias para o processo de ensino-aprendizagem, com a adoção de práticas inovadoras, o que alimenta a base metodológica dos educadores dentro da escola.
5. Avaliar o processo de ensino-aprendizagem
Seja nos conselhos de classe ou em reuniões com cada professor, é importante averiguar quais foram as práticas adotadas em sala de aula, ouvir as percepções dos profissionais, bem como verificar os procedimentos de avaliação utilizados e se atentar aos casos extremos, tais como uma turma ou aluno que tenha apresentado baixo rendimento.
Uma das funções delicadas do coordenador pedagógico é a observação em sala de aula. Se não for bem planejada e combinada com os professores, ela pode ser considerada invasiva. Cabe ao coordenador estabelecer uma rotina de observação para que ela seja uma ação espontânea e confortável para todos os envolvidos, além de construir uma relação de confiança com os professores, contribuindo para a sua atuação em sala de aula e a melhora do processo de ensino.
Princípios da coordenação escolar
Historicamente, a figura do coordenador pedagógico enquanto um formador que auxilia os professores é recente. Uma vez que as suas funções são diversas e, muitas vezes, não se mostram bem demarcadas na escola, ele acaba se debruçando em questões burocráticas, puramente institucionais ou administrativas.
Entretanto, é fundamental que ele assuma uma posição de liderança, e torne-se a peça-chave que ajuda os professores, tanto na sua atuação em sala de aula quanto no seu desenvolvimento profissional, no processo educacional dos alunos e na evolução da escola.
De forma geral, as suas práticas do dia a dia devem ter como base os princípios:
- Formador:
- acompanhando o processo de ensino-aprendizagem dos alunos;
- analisando a conduta em sala de aula e apoiando e fomentando a formação continuada dos professores;
- idealizando projetos interdisciplinares e de formação continuada em serviço.
- Articulador:
- integrando e acolhendo a comunidade escolar;
- comunicando e mediando todas as instâncias do processo educacional;
- planejando (currículo, PPP, calendário anual);
- avaliando a aprendizagem;
- assegurando a conexão entre teoria e prática (cumprimento do currículo).
- Transformador:
- apoiando e propondo novos projetos e metodologias;
- resolvendo e prevenindo conflitos;
- implementando novas tecnologias e ações inovadoras;
- identificando demandas e atendendo às necessidades dos alunos e da equipe escolar.
Continue lendo sobre este assunto e saiba mais sobre as funções e desafios do Coordenador Pedagógico.
- Cinco maneiras do coordenador pedagógico ajudar os professores - 9 de março de 2022