Histórias fazem parte da nossa história de vida desde sempre. Por isso, a literatura nos encanta e nos toca, já que ela é feita de rupturas, do inédito, do incontrolável, dos sentimentos que todos nós temos.
Literatura é arte e contribui para ampliar nossa visão de mundo e nosso conhecimento sobre a linguagem. Boas experiências e práticas de leitura mudam comportamentos pela conversa e interação que proporcionam.
A literatura nos move, nos tira da zona de conforto e muitas vezes nos mostra o que não sabemos sobre nós mesmos por meio de enredos e narrativas que nos envolvem.
Um bom livro dialoga com nosso mundo interior e, em relação às crianças, ajuda a organizar internamente questões que precisam ser trabalhadas. Isso não significa dizer que a literatura deve estar a favor da psicologia ou qualquer outra área. A gente pode ler pelo prazer da leitura, pela contemplação dela como arte. E por meio dessa experiência, sermos afetados.
“A literatura é essa ferramenta: literatura não se faz com boas intenções, não tem compromissos com modismos, não é para dar lições de vida, e muito menos para reforçar conteúdos escolares. Literatura é linguagem” (LAJOLO, 2012)
Marisa Lajolo (2012) nos diz que o mundo da linguagem é como a pele que nos reveste e é como percebemos o mundo que nos rodeia e como atribuímos sentidos, nos expressando e nos colocando nesse mundo.
Quando uma criança se identifica com uma história específica e nos pede para lermos várias e várias vezes, ela está por meio da linguagem em seu processo de elaboração de questões que estão alheias ao adulto, pois esses tendem a ter visões mais ancoradas e cristalizadas da vida e de seus acontecimentos.
Histórias de lobo, bruxas e vilões nos mostram que a vida é difícil, mas que superamos nossas dificuldades e vivemos aventuras com ajuda.
Ler com a criança e não para a criança – fortalecendo relações e desenvolvendo competência leitora
Qual seria a diferença entre esses termos? E por que um em detrimento do outro? Quando lemos para uma criança, estamos numa relação distante, apenas mostrando o livro sem desfrutar do momento e sem dialogar com a obra. Quando lemos com a criança, mudamos essa experiência por completo. Estamos ali por inteiro dedicados a ela e ao ato de ler.
Dar colo enquanto contamos uma história ao nosso filho ou filha cria vínculo entre o adulto e a criança. As vozes do pai e da mãe são as primeiras que apresentam o mundo às crianças e isso tem uma carga de afeto muito grande. Quando também atrelados ao momento de leitura, as palavras com o carinho ofertado pelo colo e um momento inteiramente dedicado à troca por conta de um livro, torna a experiência da leitura única para ambos.
Já na escola, ler com uma criança significa ter um espaço preparado com cuidado, com o educador próximo à criança e se dedicando a ler, pausar, fazer perguntas e pedir ajuda em determinados momentos da leitura.
Quando lemos junto com os pequenos, comentando e fazendo perguntas, emprestamos nossa competência leitora e também moldamos um pouco dela para eles.
Como escolher os livros para ler?
Diante de tantas opções, como saber se estou escolhendo os livros adequados, não é mesmo?
Não existe uma orientação específica que deva ser seguida à risca. Mas podemos fazer perguntas na hora de escolher o livro até que tenhamos mais segurança nesse processo. A verdade é que escolhemos bons livros quando nos tornamos leitores e ganhamos experiência nisso. É desta forma que criamos parâmetros de comparação. Há livros com muitos atrativos. Mas apontamos duas perguntas bem importantes para ajudar na escolha de livros para um acervo pessoal:
PARA QUE FAÇO ESSA ESCOLHA? → Para rir? Se divertir? Pensar sobre a vida?
PARA QUEM FAÇO ESSA ESCOLHA? → Qual a idade da criança? Quem é essa criança? O que ela gosta e o que não gosta? O que sei sobre ela?
Ressaltamos que escolher livros para uma biblioteca pessoal não é o mesmo que escolher livros para a biblioteca de uma escola. Os critérios de escolha são bem diferentes. Na escola, devemos pensar sobre representatividade, autores que estejam em vários continentes para aumentar o repertório cultural e ampliar a visão de mundo, mescla entre literatura clássica e contemporânea, diversidade (não apenas um tipo de gênero, por exemplo), qualidade da linguagem.
O que fazer depois de ler?
Essa pergunta não tem uma resposta. Podemos fazer alguma coisa ou podemos não fazer nada. Há uma pedagogização da literatura e uma certa tendência em achar que temos que fazer alguma atividade, brincar ou estender a história em outras experiências. Porém, podemos simplesmente ler. Se lemos falando das ilustrações, interagindo, conversando sobre a história e seus personagens, a leitura está sendo rica e não precisa de mais nada além disso.
A criança pode dar pistas do que quer fazer depois da leitura: voltar em um trecho específico, rever ilustrações, conversar, brincar como se estivesse na história, observar a capa, criar a partir da história. Só que ela pode simplesmente querer fechar o livro e fazer outra coisa. Isso não significa que ela não gostou, que a experiência não tenha sido boa e nem que ela não queira voltar a ler o livro de novo.
Dentro do ambiente escolar, podemos querer fazer algo que desperte nela o desejo de ler ainda mais e que desenvolva as competências necessárias para ser um leitor crítico.
Como ler em inglês para as crianças se eu não falar inglês?
Se a família fala inglês, as orientações são as mesmas que foram daqui. Mas e se eu não falar inglês? Ou como posso orientar as famílias dos meus alunos que querem ter essa experiência em casa com as crianças, mas não falam a língua?
É sempre importante orientar as famílias para que não passem a insegurança em não saber a língua para os filhos e filhas. Evitar falas como: “inglês é muito difícil”, “não gosto de inglês”, “nunca vou conseguir aprender essa língua”. O que pode ser feito é pedir para que a criança, quando já alfabetizada, que leia com o adulto. As famílias podem explorar ilustrações juntos fazendo perguntas e as crianças respondendo.
Caso a criança não seja alfabetizada, ouvir em formato de audiobook é uma opção.
De qualquer forma, a experiência não pode ser estressante. E pode ser uma oportunidade para que a família também aprenda um pouco com a criança.
Sugestões de autores para montar uma biblioteca em inglês:
Elencamos oito autores contemporâneos renomados e premiados que são referências em literatura infantil para que famílias e escolas possam aumentar seu acervo de livros em inglês. Colocamos alguns títulos aqui, mas sugerimos que procurem outras obras e conheçam mais sobre eles.








Como montar um espaço de leitura?
Não é preciso muito para convidar as crianças para o momento de leitura. Podemos montar cenas pedagógicas que as instiguem e façam com que queiram ainda mais ler um livro. Em casa, na escola, no parque, não importa! Com poucos elementos, conseguimos atraí-los e transformar esse momento em algo muito especial. Assista ao vídeo para se inspirar para criar espaços aconchegantes para leitura:
Como podem ver pelo vídeo, não é necessário grandes investimentos para ter um espaço de leitura em casa. Criatividade é a chave para criar um bom espaço de leitura.
E não tenha receio em deixar as crianças manipularem os livros. As crianças bem pequenas tendem a colocá-los na boca, por isso há livros mais resistentes para eles.
Crianças pequenas e um pouco maiores, pela observação e também entendimento, já conseguem manipular o livro com mais cuidado. Mas acidentes podem acontecer. O ideal é que se converse sobre a manutenção e zelo com o material. Isso faz parte do processo de construção da competência leitora: manuseio do livro e preservação.
Gostou? Ouça nosso podcast sobre A importância da Literatura na Educação Bilíngue.
- A importância do brincar em contextos bilíngues - 27 de junho de 2022
- Descubra quais são as tendências pedagógicas - 9 de fevereiro de 2022
- Como ajudar meu filho a aprender inglês em casa - 25 de janeiro de 2022