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Como o feedback pode ajudar na formação de professores?

Publicado por Bruna Fariasem 1 de dezembro de 202129 de maio de 2024

Ainda é comum haver certa estranheza por parte de alguns educadores quando se fala do processo de feedback como parte importante na formação de professores. Também chamada de devolutiva, essa prática continua passando uma ideia de avaliação e julgamento na nossa cultura, em que se tenta encontrar um erro em sala de aula e o culpado por ele, que, nesse caso, é o professor.

O fato é que quando compreendemos as vantagens do feedback para a formação de professores e não o atrelamos a um “trabalho de fiscalização”, é possível enxergar a possibilidade de desenvolver tanto competências e habilidades profissionais quanto melhorar a qualidade do ensino como um todo. Além disso, ele é uma forma de acompanhar e acolher a equipe, uma oportunidade de fortalecer as relações entre a gestão e o corpo docente e uma ferramenta para o alinhamento pedagógico da instituição.

Mas como o feedback pode ajudar na formação de professores?

Antes de tudo, vale lembrar que mesmo com um trabalho eficiente da gestão, a qual cuida do planejamento escolar, da organização da equipe, do estabelecimento de metas e objetivos e do acompanhamento dos processos e resultados, a atuação de cada colaborador faz toda a diferença na obtenção de bons resultados e no sucesso escolar. Daí a importância da formação de professores na atualidade, que vai além da formação técnica inicial (exigida para o exercício da função) e que abrange também a formação continuada, que inclui o trabalho de dar e receber feedback.

O feedback na formação de professores 

O feedback para o professor está relacionado à observação das suas práticas pedagógicas. Então, normalmente, ele é baseado numa visita à sala ou no acesso à gravação de uma aula. Como esse processo ainda não faz parte da rotina diária nas escolas ou é feito sem os cuidados necessários, ele pode causar desconforto ao educador.

Entretanto, a observação de aulas é uma excelente estratégia na formação de professores. Ela contribui para a reflexão das práticas em sala de aula e amplia o olhar para novas possibilidades educacionais com foco na melhoria do ensino, além de propiciar uma autodescoberta que permite ao educador rever, analisar e fazer as devidas mudanças para aperfeiçoar os seus métodos de ensino.

Após a etapa de observação de aula ou de uma gravação (geralmente feita por um coordenador, mas que pode ser feita por outro educador), entra em cena o feedback, ou devolutiva, que tem como principal objetivo o desenvolvimento do professor.

Como realizar o feedback com os professores?

  • Avise ou agende com o professor

“I’ve been doing lesson observation since 1997, on and off. I have never walked into a classroom by surprise. Ever.”
Luiz Otávio Barros (2015) | Autor e Educador

O primeiro ponto que precisa de atenção antes de iniciar o processo de feedback, é conversar com o professor sobre a observação/gravação que será feita. Esse é o momento de se falar sobre a aula e estabelecer metas. Ou seja, de enaltecer os objetivos dessa ação e esclarecer que o feedback a ser elaborado tem o objetivo de ajudá-lo no seu desempenho.

Dessa forma, o feedback, que será feito posteriormente, tem maiores chances de ser compreendido e bem aceito pelo professor, fazendo com que todo o processo seja mais eficiente.

Quando não há esse aviso por parte da coordenação e o professor enxerga a observação de forma negativa ou com surpresa, a tendência é que ele assuma uma posição defensiva em vez de se abrir às considerações e se permitir evoluir no processo.

  • Faça o feedback o quanto antes

“When observing a lesson, do not postpone the feedback session until it is too late; whether it will be given immediately after the lesson or the following day, it is important that teachers still remember what happened in class.”
Vinícius Nobre e Catarina Pontes (2016) | Autores do livro

“Getting into the teacher education: A handbook”

Idealmente, o feedback para o professor deveria ser feito logo após a aula, mas sabemos que essa dinâmica nem sempre é possível, posto que o mais comum é o professor sair de uma aula e entrar em outra logo em seguida.

Então, o recomendado é que o feedback seja feito no dia seguinte, ou, no máximo, em dois dias. Isso evita que o professor se esqueça do que ocorreu na aula, da sua conduta, do que foi dito ou da reação dos alunos, o que torna a devolutiva mais fácil.

  • Considere fazer o feedback de forma verbal e escrita

Apesar de ser o ideal, nem sempre é possível fazer o feedback nas formas verbal e escrita para todos os professores, principalmente pelo fator tempo. Mas, entre as duas formas de feedback, a verbal é a que apresenta mais vantagens, uma vez que ela permite a explanação sobre os pontos observados e possibilita fazer perguntas durante o processo, o que dá ao professor mais oportunidades de interagir.

Quando a instituição permite, vale considerar essas duas opções de feedback, principalmente a possibilidade de usá-las em conjunto. E, dependendo do perfil do professor e da qualidade da aula observada, elas podem ser usadas de modo estratégico.

Por exemplo, com a entrega do feedback escrito antes do verbal, arrisca-se haver má interpretação por parte do professor até o momento da conversa. Por outro lado, ele pode ter um efeito positivo, pois, com essa prévia, o professor pode iniciar as suas reflexões antes do encontro com o gestor e, no momento da conversa, conseguir desenvolver melhor as suas ideias.

Não há, então, uma ordem correta. Vale analisar caso a caso ou o que melhor funciona para cada professor e contexto.

  • Ouça o professor sobre os pontos observados.

É importante ouvir como o professor se sentiu sendo observado, que pontos da aula ele gostaria de ressaltar e discutir, suas impressões sobre a aula, etc. O momento para ser ouvido ajuda a perceber como o profissional aceitará o feedback e também que tipo de análise ele faz de seu próprio trabalho. Além disso, torna o espaço aberto ao diálogo e propicia que ele se sinta valorizado por poder contribuir para essa discussão.

Feedback e formação de professores na pandemia

Assim como as aulas passaram a ser ministradas de forma remota durante a pandemia, é bastante válido usar a tecnologia em favor da formação de professores, inclusive no processo de feedback.

Muitas vezes, não é possível fazer um encontro presencial com cada professor da escola e nem sempre se pretende entregar o feedback por escrito num primeiro momento. Então, fazer essa etapa de modo online pode ser a saída para colocar todas as devolutivas em dia e usufruir de todas as vantagens de interagir em tempo real.

Para conseguir um feedback mais eficiente, vale considerar alguns pontos importantes na sua elaboração:

  • O feedback deve ser baseado em evidências

Seja mostrando as anotações ou usando a gravação da aula observada, é preciso apontar ao professor exatamente o que aconteceu, pois as chances de que ele não se lembre de pontos específicos da aula observada podem ser grandes. Isso deve vir antes das conclusões tomadas ou dos questionamentos, independentemente de se tratar de uma abordagem positiva ou negativa.

  • Em vez de apontar de forma prescritiva e categórica, tente engajar o professor no pensamento crítico

Isso serve para que ele mesmo consiga perceber e alterar o que precisa. Uma forma eficiente de gerar reflexão é elaborar com antecedência algumas perguntas investigatórias (probing questions), que instiguem uma análise mais aprofundada de um determinado assunto. Também é bom evitar as perguntas que permitam somente uma resposta sim ou não (yes/no questions).

  • Ajude o professor a traçar um plano de ação tangível

Por exemplo, entre outras recomendações, defina um tempo para uma nova observação se ele deverá repetir essa aula ou ministrar uma parecida; proponha que leia um artigo ou capítulo de livro para entender mais sobre determinado assunto; sugira mudar a ordem de atividades ou observar outro professor mais experiente ministrando a aula, seja presencialmente ou por vídeo. Independentemente do plano, é fundamental que o combinado com o professor fique registrado, por escrito, para que de fato se torne um compromisso factível, com um prazo possível de ser cumprido e a previsão do uso de recursos disponíveis.

Quer se aprofundar mais sobre os tipos de formação de professores e a sua qualidade? Confira em nosso artigo o que você ainda não sabe sobre a formação de professores no Brasil.

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