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Leitura de imagens e cultura visual na educação

Publicado por Camila Pradoem 15 de dezembro de 202129 de maio de 2024

Nós, seres humanos, utilizamos imagens para nos comunicarmos. Aliás, foi através de desenhos em paredes de cavernas que pudemos conhecer um pouco de como era a vida há milhares de anos.

A evolução das tecnologias audiovisuais nos mostrou, ainda com mais força, como a linguagem visual é presente em nosso dia a dia e o que podemos comunicar através dela. O que pode, às vezes, nos faltar em palavras escritas ou faladas, pode ser expresso por uma imagem, que incentiva o pensamento e a reflexão através da visão.

A leitura de imagens pode ativar memórias, sentimentos e opiniões sem que seja preciso saber ler ou escrever. “As linguagens são recursos expressivos de representação da realidade e de comunicação. Elas funcionam como veículo para o intercâmbio de ideias e forma de interlocução. Portanto, é ilusória a exclusividade da linguagem verbal como forma de linguagem e meio de comunicação privilegiados.” (COUTO, 2000, p.11-12).

Neste artigo, veremos como ela é importante na escola e alguns métodos para fazê-la.

Descoberta e interpretação do mundo

Uma das formas de entendermos o mundo é através das imagens. No mundo contemporâneo, nossa visão nos permite o tempo todo receber informações através de filmes, vídeos, sinais e em uma grande quantidade de figuras.

Ao interagirmos com imagens, conseguimos ler mensagens, sentir emoções e fazer perguntas que muitas vezes necessitam de uma interpretação mais detalhada ou perceptiva. Interpretar nos exige pensamento crítico e criativo, que é uma competência geral da Base Nacional Comum Curricular e uma importante habilidade de participação social dos indivíduos.

O estudo da linguagem visual na educação escolar deveria precisamente ajudar-nos a escapar da impressão de passividade e permitir, ao contrário, tornar aparentes as convenções, a história e a cultura mais ou menos interiorizadas que estão em jogo em cada imagem visual. Conhecendo a linguagem visual, estaremos em melhores condições para analisar e compreender, em maior profundidade, uma das ferramentas efetivamente predominantes na comunicação contemporânea: a imagem visual.
(COUTO, 2000, p.35).

Para isso acontecer, é necessário que os educadores tragam para os aprendizes a arte e a linguagem visual como repertório, de forma que eles possam usar seus conhecimentos prévios para fazer descobertas com autonomia e autoria no processo, e possam desenvolver suas habilidades de interpretação e pensamento crítico, percebendo elementos como sinais, formas, luzes, cores, gestos, objetos, olhares e expressões.

A alfabetização visual

Esta expressão começou a ser utilizada na década de 70 e, com os grandes avanços da mídia, muitos educadores e filósofos sentiram a necessidade de analisar sua influência na sociedade e valorizá-la na formação dos indivíduos e na preparação dos aprendizes na escola. Freire (1983) diz que a leitura do mundo precede a leitura da palavra. Com isso em mente, podemos perceber a importância das imagens na vida cotidiana e escolar. Ao preparar os aprendizes para serem leitores do mundo, como não considerar a leitura de imagens?

Cabe aqui um parêntese. É importante falar sobre os aprendizes que têm uma deficiência visual. A experiência e o desenvolvimento das habilidades para a comunicação visual através da interpretação que utiliza os outros sentidos garantem a inclusão de todos os aprendizes. As imagens podem ser descritas pelos colegas, sentidas com as mãos e reproduzidas de formas diferentes.

A percepção é um dos pontos principais da leitura de imagens. Ela permite a investigação dos elementos visuais e códigos utilizados. Em seu livro “Arte e Percepção Visual” (1989), Rudolf Arnheim definiu dez categorias visuais: equilíbrio, figura, forma, desenvolvimento, espaço, luz, cor, movimento, dinâmica e expressão. Através delas, podemos entender como os elementos se relacionam para expressar falas, mensagens e narrativas.

Por isso, a alfabetização plena do aprendiz precisa incluir a linguagem visual. Além da leitura da palavra, os educadores devem se preocupar em ajudar os alunos a interpretar as imagens do seu cotidiano, a perceber como elas proporcionam novas oportunidades de vivência, e a aprender como fazer sua leitura diante de diferentes contextos da vida. Através dessa vivência, é possível encontrar representatividades de grupos diversos e de realidades culturais que encontram um espaço em imagens para se expressar. Saber para quem, onde e em que circunstâncias elas foram feitas nos ajuda a interpretá-las e a valorizar as mensagens que expressam. E estes fatores estão contemplados nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) para que os estudantes aprendam a analisá-los ao considerar o objeto artístico, neste caso as imagens, como produção cultural, documento do imaginário humano, sua historicidade e sua diversidade (BRASIL, 1997, p. 45).

Métodos de leitura de imagens

Robert William Ott, professor da Universidade da Pensilvânia, Estados Unidos, desenvolveu a metodologia Image Watching (Olhando Imagens), que nos dá oportunidades para a observação, descrição, análise, fundamentação, contextualização e interpretação de imagens. Há diferentes métodos para essa leitura. Um deles utiliza uma interpretação mais intelectual em que o repertório e o conhecimento prévio do aluno enriquecem o processo. Podemos considerar em fotografias, por exemplo, o tipo de lugar fotografado, o que poderia ser feito nesse local, os lugares que você já visitou que são parecidos com ele ou que têm o mesmo visual, o nome que você daria a ele, etc. Desta forma, os aprendizes podem “entrar” nas fotografias e fazer a conexão entre os elementos que veem e elementos de suas vidas, desde a identificação de suas cores e formas até a reflexão sobre os valores e ações da sociedade que eles representam. Além do trabalho de Ott, o site Project Zero da Universidade de Harvard também propõe rotinas usando o pensamento para fazer a análise e a leitura de imagens considerando diferentes pontos de vista e de percepção. Os métodos e modelos que podem ser usados pelos educadores são vários.

O grande passo a ser tomado é a reflexão: como desenvolver habilidades para a alfabetização visual nas práticas pedagógicas? Com essa pergunta em mente, podemos entender que devemos começar por nós mesmos de modo a nos tornarmos mediadores de um processo de aprendizagem que garanta uma alfabetização plena, que envolva todos os sentidos dos aprendizes.

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Analista Pedagógico em YOU Bilíngue
Professora há mais de 15 anos no universo bilíngue. Redatora Pedagógica da Central YOU com CPE, ICELT, TKT e CELTA da Universidade de Cambridge.
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