O ano em que a escola parou
De repente, o que era cheio de vida, brincadeiras, diálogos, trocas e uma explosão de cheiros e sons pausou. A escola! E as circunstâncias nos fizeram pensar qual é a essência e o que mantém viva a escola. É o espaço físico? Ou seria o conteúdo? É o material didático? Currículo? Professores? Quais fatores tornam a escola um espaço necessário e essencial na vida de todos nós? Como a escola e família juntas podem fortalecer as relações para a educação das crianças e jovens?
Não poderíamos imaginar que em pouco tempo seríamos obrigados a repensar drasticamente qual é o papel da escola e família. Há muito se fala sobre pensar em uma nova escola e educação, mas ninguém poderia prever que seria desta forma. E ninguém poderia prever também o quanto seria necessário cuidar ainda mais da relação família-escola para garantirmos a aprendizagem dos alunos. Então a participação da família na vida escolar foi imprescindível para que, sobretudo as crianças, pudessem continuar seus estudos.
Sobre conteúdos para escola e família
A preocupação que crianças e adolescentes fiquem sem acesso aos conteúdos é genuína e atinge famílias, educadores e orgãos oficiais ao redor do mundo. A corrida para que os conteúdos fossem acessados por plataformas online deu-se da noite para o dia. A educação a distância exige um currículo e planejamento próprios e isso demanda um tempo bem maior do que o que tivemos para nos preparar. O que as escolas fizeram, com muito empenho, chamamos, na verdade, de Educação Emergencial a Distância. E por isso, adequações ao longo do caminho são necessárias. Mas não é disso que o ensino também é feito? De ajustes e adequações para que possamos auxiliar na aprendizagem de nossos alunos?
A confiança das famílias na escola e nos profissionais que nela atuam é fundamental para que possamos passar por esse momento da melhor forma possível. É inegável a importância da família na educação escolar e neste momento, o diálogo com a escola é fundamental para que a família saiba como atuar neste momento de crise. Além disso, a escola deve se mostrar como um lugar de escuta, acolhimento e construção de fortes relações interpessoais.
E agora?
É a hora de olharmos para os projetos pedagógicos das escolas e buscar aquilo que as torna singular. É o momento de analisarmos documentos oficiais como a BNCC do ponto de vista das competências gerais da educação básica e seus desdobramentos em cada etapa escolar. Para saber o que é BNCC na Educação Infantil, confira aqui o artigo completo sobre este tema.
Além disso, temos que criar e estreitar vínculos, nos preocupar com o bem-estar físico e mental dos alunos, praticar a escuta, incentivar brincadeiras e auxiliar para que pais cuidem das relações familiares.
Mas e como fica a Educação Bilíngue diante de um cenário novo como esse?
Um dos benefícios da Educação Bilíngue é desenvolver a tolerância linguística e apreciar a diversidade que está em todo lugar. Isso resulta em um olhar mais empático que busca a equidade e o respeito. Mais do que nunca, precisamos desses valores para enfrentarmos a situação e seus desafios, juntos.
A Educação Bilíngue, mais do que nunca, se mostra necessária porque é por meio dela que acessaremos mundos possíveis a partir de agora. Estamos sendo obrigados a olhar esta situação de maneira global. Mais do que nunca nos percebemos pertencentes a uma mesma rede, já que mundo inteiro vive esta crise. Como iremos diminuir os impactos, resolver esse problema e nos reerguer dele é algo que já está unindo pessoas de diferentes nações.
Acesso ao conhecimento em diferentes línguas e contato com pontos de vistas diferentes estão sendo colocados na mesa com toda a força. E é a educação bilíngue que pode potencializar e fortalecer as futuras gerações para transformação.
Propostas online assíncronas
Sabemos que nem todas as famílias falam uma segunda língua e isso traz desconforto, porque se vêem diante de algo que não dominam em um momento em que as demandas da casa, família e home-office são grandes, além da tensão que paira no ar.
Mas é importante que as crianças e adolescentes tenham contato com as atividades para que mantenham o contato com a língua e o vínculo com os professores. Outro aspecto que precisa ser lembrado, é que manter a presença da escola viva de alguma forma dentro de casa traz uma certa segurança, algo ao que eles possam se agarrar diante das incertezas do momento.
Diante de uma proposta assíncrona (aquelas que não acontecem ao vivo), nem sempre a produção e interação da criança e adolescente serão imediatas. Professores que utilizam a língua como meio de acesso a outros conhecimentos utilizam-se de estratégias e adequações para que os aprendizes sintam-se motivados a participar. O contexto e cenário de sala aula contribuem para que isso aconteça. A presença de amigos e adultos, portanto, falantes reais, incentivam a participação e trazem um sentido carregado de vínculo para uma produção mais imediata.
Num cenário típico de sala de aula, professores e professoras se deparam com comentários como “não estou entendendo nada!” ou “fala mais devagar”. Dependendo da faixa etária e experiência com a língua, os alunos reagem dessa forma, demandando do saber da prática pedagógica do professor, que estudou e se preparou para lidar com essas situações. Quando isso acontece, as falas são reformuladas, gestos ficam mais acentuados, ilustrações aparecem com toda a força e outros recursos são utilizados para que os alunos entendam ou percebam que compreendem aquilo que está sendo dito. Muitas vezes, eles estão entendendo, mas precisam da segurança que o professor transmite para perceber que são mais sabidos do que imaginam.
Entendemos que isso é algo que os professores conhecem bem, mas as famílias não. E quando ouvem que os filhos e filhas não estão entendendo nada, ficam ansiosos, não sabem o que fazer e como ajudar. Principalmente se não falam o idioma. Como consequência, podem se sentir frustrados e gerar mais estresse afastando-se da escola e, as crianças e adolescentes, da aprendizagem da língua.
Diante desse cenário, elaboramos algumas orientações para que consigam aproveitar melhor as propostas enviadas:
1- Procure não ter distratores enquanto assistirem às propostas. Se estiverem usando o computador, desliguem a TV e tirem o celular de perto, por exemplo.
2- Caso a criança tenha resistência para entender, coloque-se à disposição para tentar entender junto. É uma excelente oportunidade para se descobrir, quem sabe, também sabido em algumas coisas e aprender outras. As propostas das escolas geralmente possuem uma explicação em português do que deve ser feito. Use isso a seu favor.
3- Aproveitem o momento para aprender a cantar uma música no idioma;
4- Não tenha medo de errar quando for ajudar. O errar faz parte do processo de aprendizado. O medo é um dos principais fatores de bloqueio na aprendizagem de uma segunda língua.
5- Aproveite os estímulos visuais dos vídeos e material enviado para ajudar os filhos a aprender.
6- Aprenda com seu filho e filha;
7- Aproveite o inglês que já sabem.
8- Se tiver dúvida sobre a pronúncia de alguma palavra, consulte um dicionário online, geralmente dá para ouví-las em mais de um sotaque. Se a criança já for alfabetizada, incentive e ensine a consultar o dicionário.
Propostas online síncronas
São propostas que acontecem com o encontro ao vivo com o professor ou professora. O tempo de duração varia de acordo com a faixa etária e objetivo da proposta.
Este momento é excelente para que possam manter o contato e matar a saudade dos amigos e professores. Quando ocorre em segunda língua, é ainda mais especial, porque é uma prática de linguagem muito rica que mantém escuta e fala minimamente ativas.
Importante lembrar que eles precisam de ajuda com os turnos de fala, que quando todos falam juntos, não conseguem ser entendidos. Professores podem ensinar gestos para sinalizar que querem falar, cantar uma música para trazer a concentração do grupo para ele ou até mesmo usar um fantoche inesperadamente para que surpresa os traga para o momento presente.
É um momento que exige também algumas orientações:
1- Se a criança ou adolescente não for tímida e estiver à vontade diante do encontro, fique por perto, mas deixe que eles interajam sozinhos. Evite insistir para que falem. Se eles estiverem apenas querendo observar, tudo bem. Também estarão aprendendo e em contato com a língua.
2- Se os professores solicitarem a permanência ao lado da criança pequena durante o momento do encontro, é importante que as famílias acompanhem e aproveitem o momento. Cantem, dancem e brinquem. Vai trazer leveza. Tudo bem não saber tudo, errar os passos da dança. Só o fato de estarem envolvidos com os filhos na proposta e presentes no momento, trará boas lembranças e manterá a motivação para aprendizagem da segunda língua viva. A vergonha também impede que as pessoas aprendam a falar. Solte-se!
3- Evite interromper o professor. Se tiver alguma dúvida ou quiser até mesmo compartilhar alguma coisa, espere o encontro acabar e peça um momento para falar com o professor.
4- Incentive seu filho ou filha a participar. Leve o encontro com bom humor e leveza.
5- Entenda que algumas vezes, mesmo que professores estejam falando no segundo idioma, crianças e adolescentes podem responder em português. Isto é normal e é um fenômeno que depende de muitos fatores. Não significa de forma alguma que não estejam aprendendo.
Diante de tudo isso, terminamos afirmando que agora, mais do que nunca, a relação escola e família precisa se manter viva e em parceria com a família para que jovens, crianças e adultos se fortaleçam e se ajudem. E a Educação Bilíngue é uma forma de nos manter mais unidos com o propósito de termos um mundo melhor.
Aproveitamos para lembrá-los de que a YOU preparou um e-book incrível com propostas simples, leves e divertidas que podem ser feitas em casa, levando a língua inglesa para momentos do cotidiano de pais e filhos durante o isolamento social. Acesse aqui o e-book YOU at Home e aproveite todo o conteúdo!
- A importância do brincar em contextos bilíngues - 27 de junho de 2022
- Descubra quais são as tendências pedagógicas - 9 de fevereiro de 2022
- Como ajudar meu filho a aprender inglês em casa - 25 de janeiro de 2022