É inegável que aprender uma segunda língua, especialmente aprender a como falar inglês, se tornou algo imprescindível. Seja para se destacar dentro do mercado de trabalho, compreender estrangeirismos na vida cotidiana ou até mesmo falar em inglês durante uma viagem internacional, adquirir a língua inglesa provê uma amplitude cultural. Isso quer dizer que compreender ou saber falar inglês nos conecta com o mundo, expandindo nosso leque de conhecimentos e nos permitindo agir e interagir em uma sociedade cada vez mais plural.
Mas, como fazemos para aprender ou adquirir a língua inglesa? Ou melhor, qual a diferença entre esse dois conceitos? O que isso implica no desenvolvimento da fluência? Em rápidas palavras, adquirir uma língua é entendê-la de forma natural e inconsciente. Já ‘aprender’ é estudá-la gramaticalmente compreendendo suas regras.
Antes de focar em aperfeiçoar seu inglês, é importante que compreenda o melhor destes dois mundos.
São diversas as vertentes pedagógicas que tratarão de diferenciar uma da outra, mas em linhas gerais e de uma forma bastante simplista, vamos considerar que:
Entendemos que a criança, quando exposta a um contexto bilíngue ainda na infância, aprende a segunda língua de forma natural, da mesma maneira que ocorreu com o português quando era bebê.
Enfatizamos que o mais importante é que esta segunda língua não seja “ensinada”, mas seja utilizada como veículo e ferramenta de comunicação. Para isso, precisamos considerar que esse processo não acontece de uma hora para outra. A criança precisará passar por diversas etapas até chegar ao momento em que saberá como falar inglês fluentemente. Listamos abaixo as 5 etapas do processo de aquisição de uma segunda língua, de acordo com Judie Haynes. Além disso, adicionamos exemplos de perguntas que propõe a checagem de compreensão e, consequentemente a comunicação com as crianças.
1ª fase: Silent Period
Este estágio pode levar de algumas horas a alguns meses (ou até um pouco mais), de acordo com a individualidade de cada aprendiz. Durante essa etapa, normalmente as crianças aprendem e aumentam seu vocabulário passivo, entonação, ritmo… Cada vez reconhecem mais e mais palavras, mas ainda não são capazes de emitir mensagem nesse novo idioma. Acenam ‘sim’ ou ‘não’ com a cabeça, apontam e desenham.
2ª fase: Early Production
Após o estágio receptivo, as crianças passam a entender parte do que é falado, especialmente assuntos repetidos diariamente, como os relacionados à rotina escolar. Já são capazes de responder de forma simples na língua-alvo, usando frases conhecidas e no tempo presente.
3ª fase: Speech Emergence
Este é o período em que os alunos adquirem um vocabulário mais amplo e aprendem a utilizar a língua-alvo para se comunicar, expressar sentimentos e desejos. Já são capazes de colocar as palavras em frases curtas e a fazer perguntas simples. Mesmo que a produção ainda não seja gramaticalmente correta, é nessa fase que os aprendizes ganham confiança para se expressar, já têm ampla compreensão do que lhes é dito e já começam a desenvolver a leitura e a escrita na segunda língua.
4ª fase: Intermediate fluency
Nesse estágio, que pode durar de três a cinco anos, os aprendizes já possuem excelente compreensão oral e escrita. É um estágio crucial no qual os alunos já começam a efetivamente “pensar” na segunda língua e a se aperfeiçoar cada vez mais em seu uso.
5ª fase: Continued language development/advanced fluency
Esta é a quinta e última fase do processo de aquisição da segunda língua. A maior parte dos aprendizes leva em torno de 5 a 7 anos nesta etapa, aperfeiçoando o que aprendeu para chegar à proficiência na língua, com toda sua complexidade e nuances. A chave para aprender uma nova língua e desenvolver proficiência é consistência e prática. Aprendizes precisam conversar constantemente na língua-alvo de modo a aperfeiçoar fluência e confiança. Segundo pesquisadores, é importante ainda que, mesmo após adquirir fluência, os estudantes continuem trabalhando com um professor ou mentor em conteúdos específicos não relacionados diretamente com a língua, como História, Estudos Sociais e Escrita Criativa.
Crianças x Adultos
Temos como excelente exemplo de aquisição de língua, a assimilação que uma criança faz para adquirir sua língua materna. Isso é feito de forma contextualizada, imersiva, desenvolvendo a comunicação conforme suas necessidades. A criança não é exposta a regras, nem como estas funcionam e quais são suas nomenclaturas.
Em um segundo cenário, há o adulto que não foi exposto à segunda língua durante sua infância de forma natural e precisou recorrer à instituições de ensino para aprender falar inglês. Isto pode se tornar um processo árduo, cansativo e muitas vezes sem resultado, dependendo do método aplicado.
Então, por que não combinar os dois exemplos acima para que de fato seja possível falar inglês de forma objetiva e fluente e tornar este processo de aprendizagem mais leve e agradável comparado aos métodos tradicionais?
Aumentando o repertório
Assim como crianças, para que possamos nos comunicar é preciso que tenhamos o máximo de contato com a língua em questão, para isso, a primeira dica para falar inglês é se apoiar em meios que possuam um apelo emocional, ou seja, que possuam contextos dos quais goste e seja facilmente envolvido. Exemplos disso são: músicas, filmes, séries, documentários, podcasts, livros e audiobooks, etc.
Ao ouvir uma música de seu(sua) cantor(a) favorito(a), você já se pegou pensando: “o que ele(a) disse naquele verso?”; ou “o que a letra desta música significa?” Faça pesquisas, procurando significados ou até mesmo sua tradução, que neste caso é sempre válida. Aproveite para cantar lendo a letra, notando a pronúncia e a entonação das palavras. Isso é uma excelente dica de como falar inglês rápido, sem atropelos.
Assistir a filmes, séries ou documentários sempre na língua original da produção destes confere ao espectador uma maior familiaridade a certos termos e expressões de forma contextualizada. Mesmo que assista aos filmes com legenda, você estará em contato com a língua falada e estará correlacionando-a às legendas em português. Depois de um certo tempo você poderá arriscar assistir algo com legendas em inglês, desta forma aprimorando a habilidade de leitura também. Assim, poderá compreender melhor o que é falado e pesquisar por palavras ou expressões novas, sem deixar de tentar pronunciá-las com a mesma entonação com que foram ditas.
Além das legendas de filmes, séries e documentários, uma das mais importantes dicas para falar em inglês e mais uma forma de aumentar o repertório de palavras é por meio de leitura. Descubra o gênero e/ou assunto que mais lhe atrai e procure por artigos, títulos e literaturas na língua inglesa.
Portanto, a cada nova palavra ou expressão aprendida, além de pesquisar e entender seus significados, é importante também colocá-la em prática de forma contextualizada. Por isso, tente inserir novas palavras em seu contexto formando sentenças verdadeiras para você, dessa forma acelerando o processo para falar inglês fluente.
Como falar inglês
Conforme vamos aumentando nosso repertório com palavras e expressões novas, é essencial colocá-las em prática. Para tal, caso não seja possível estabelecer conversas com amigos e familiares na língua inglesa, ou até mesmo se a timidez for um empecilho para se soltar, crie o hábito de pensar em inglês. Organizar sua rotina, ou criar uma linha de raciocínio em determinado assunto faz você usar a língua de forma contextualizada e uma oportunidade é criada para que você sinta quais novas palavras precisam ser pesquisadas.
Outra opção é se ouvir falando inglês. Uma boa estratégia é fazer a gravação de sua fala discorrendo sobre um tema do seu interesse. Ao final, ouvir e fazer anotações quanto à respiração, entonação, pronúncia ou demais aspectos que precisam ser alterados ou aperfeiçoados são táticas eficazes para melhorar a pronúncia e desenvolver fluência.
Com o tempo, a combinação de aprendizado e aquisição da língua, juntamente com bagagem cultural e repertório, promovem a segurança e confiança em si mesmo, resultando numa melhor comunicação e fluência na língua inglesa.
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