É fato que as crianças de hoje em dia nascem inseridas numa cultura digital e acabam se familiarizando cada vez mais cedo com os recursos tecnológicos, desde celulares, tablets, computadores, câmeras digitais e até brinquedos com tecnologias avançadas.
E o bom uso dessas ferramentas, que já fazem parte do cotidiano, tem mostrado benefícios significativos no processo de ensino-aprendizagem. Essas evidências tornaram o ensino híbrido, ou blended learning, não somente uma tendência na educação, mas um formato essencial nesse novo cenário de pós-pandemia.
Mas, diante das circunstâncias atuais, como trabalhar o ensino híbrido na educação infantil? É possível adotar esse formato com crianças tão pequenas? Neste artigo, vamos fazer algumas reflexões acerca desse assunto e elucidar a importância de ressignificar esse processo, adequando a nossa visão para a nova realidade.
Se você ainda tem dúvidas sobre o conceito de ensino híbrido, recomendamos a leitura do nosso outro artigo sobre ensino híbrido, sala de aula invertida e metodologias ativas e suas potencialidades.
Tecnologia na educação infantil?
Importante começar este assunto falando sobre tecnologia. As crianças são naturalmente curiosas, criativas e engajadas para a construção de novos conhecimentos. Com os nativos digitais, isso não é diferente. A variedade de recursos tecnológicos também acaba por deixá-los ainda mais envolvidos.
Afinal, quantas vezes já não fomos surpreendidos por bebês que arrastam o dedinho pela tela de dispositivos e crianças que mandam áudios por aplicativo de mensagem?
Acontece que na fase de desenvolvimento sensório-motor na primeira infância devem ser exploradas as diversas possibilidades que contemplam os aspectos sensoriais, movimentos e manipulação de objetos. Então, entram a visão, audição, olfato, paladar, o uso de variados recursos táteis e objetos socioculturais, a interação com os adultos, dentre outros.
Além disso, a socialização do ponto de vista da criança se desenvolve ainda mais a partir da entrada no mundo simbólico, das imagens mentais, da capacidade de falar, das brincadeiras e jogos, que fazem parte dos campos de experiência e direitos de aprendizagem apontados na BNCC. Nesse processo, ela passa a se identificar como pertencente a uma família, a uma escola, cultura, sociedade, religião e daí por diante.
Para ter uma ideia, em média, uma criança aprende a falar com dois anos de idade. Entretanto, isso vai depender se os seus pais, assim como outros adultos, a incentivaram, principalmente por meio da fala. Depende também, das oportunidades que ela teve de ouvir e presenciar diferentes formas de se comunicar durante esse período.
O mesmo vale para o contato com os recursos digitais e a relação da criança com essas ferramentas, previstas no modelo de ensino híbrido na educação infantil, tendo em vista o seu processo de desenvolvimento, de aprendizagem, de educação, de socialização, de cultura, de domínio da língua, dentre outros.
Um dos direitos de aprendizagem da criança previsto pela BNCC fala sobre a exploração e prevê o uso da tecnologia:
“Explorar movimentos, gestos, sons, formas, texturas, cores, palavras, emoções, transformações, relacionamentos, histórias, objetos, elementos da natureza, na escola e fora dela, ampliando seus saberes sobre a cultura, em suas diversas modalidades: as artes, a escrita, a ciência e a tecnologia”.
Vale ressaltar que não é para expor a criança em frente a tela como se estivesse assistindo a um programa de televisão. A tecnologia deve estar a favor do desenvolvimento da criança em uma fase tão importante. É acessar materiais que façam com que ela tenha vontade de sair da frente da tela e explorar o mundo lá fora. Que a incentive a socializar, aprender sobre ser e estar no mundo. Que a ajude a desenvolver a autonomia, que mostre outras possibilidades para brincar, que conheça a si mesma e descubra o outro.
Será que crianças até dois anos de idade dão conta e precisam do acesso à tecnologia? Elas estão conhecendo o mundo de outras formas. O que vale, e tem acontecido, é que muitas escolas usam a tecnologia para se comunicar com as famílias indicando formas de usufruírem de um tempo de qualidade com elas. Há um esforço em mandar para casa materiais, vídeos e orientações para propostas que deixam as crianças explorarem, brincarem e descobrirem um tanto de coisas. Também explicando um pouco sobre características bem comum a essa faixa etária além de serem um grupo de apoio e escuta para as famílias nesse momentos de pandemia. Mas até dois anos, os esforços para o acesso são majoritariamente da família.
Quando a criança passa para a fase pré-escolar, as possibilidades são ampliadas significativamente, uma vez que, nessa fase, ela já entende e formula perguntas, hipóteses, apresenta formas de pensar e começa a compreender o valor da tecnologia.
Ela está ingressando numa etapa onde existem regras, relações sociais, convivência, respeito mútuo, colaboração, solidariedade, dentre outros valores e atitudes que contribuem para a sua socialização.
Com isso, o ensino híbrido representa a nova realidade da escola e vem se tornando cada vez mais imprescindível para otimizar, melhorar e possibilitar certas realizações, que do modo antigo, exclusivamente com o ensino tradicional, não seriam possíveis. Mas ainda assim, é um trabalho feito visando a cultura da infância. É usar a tecnologia para novas descobertas e isso é algo que precisa ser muito bem planejado.
Como trabalhar o ensino híbrido na educação infantil?
Pais, professores, alunos e todos os integrantes da comunidade escolar sofreram com a paralisação das atividades presenciais no ambiente escolar. E, com essa nova realidade, é necessário idealizar um novo sistema de ensino, aliando aspectos da cultura oral e digital, que ampliem as possibilidades e potencializem o desenvolvimento da criança.
Por isso, neste momento, é imprescindível que a sociedade de forma geral, especialmente os profissionais da educação, famílias e adultos que cuidam de crianças pequenas, esteja preparada para proporcionar um letramento compatível e necessário para cada faixa etária, importante para o ensino híbrido.
Ou seja, se inteirar e se atualizar sobre esse método educacional, buscando formas de introduzir, compartilhar, qualificar, conviver e quantificar, por meio de experiências numa estrutura de ensino híbrido, respeitando a idade dos alunos, seus níveis de desenvolvimento, condições físicas, sociais, emocionais, culturais, morais, e etc.
Vale dizer que, quando se trata de ensino híbrido na educação infantil, a ideia não é substituir o modelo de ensino tradicional, presencial com o professor e colegas de classe, mas, sim, de integrar, combinar o melhor dos dois mundos, on-line e offline, no processo pedagógico, dentro das características e das possibilidades de cada turma.
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Esses materiais trazem propostas que fazem com que as crianças se relacionem, aprendam e descubram sobre si e o mundo a partir de experiências vividas com as famílias.
Trabalho em conjunto com a família
É inegável que a escola não substitui a família, nem a família substitui a escola. E nas atuais circunstâncias, em que foi preciso haver uma aproximação entre essas duas esferas, ficou ainda mais claro a necessidade de fortalecer essa parceria. Muitas famílias não tinham conhecimento sobre o trabalho pedagógico realizado com as crianças na educação infantil, e agora a escola precisa não somente orientá-las, mas estreitar as relações e intensificar os vínculos afetivos.
Então, se estabelece uma nova rotina sob a perspectiva de ensino híbrido na educação infantil, em que a escola procura entender a situação de cada família, suas dúvidas, anseios, oferecer algum recurso, quando houver, se colocar à disposição, dentre outras ações.
Outra questão a ser considerada nesse contexto é a importância de a família se atentar à exposição das crianças no uso de telas. A Sociedade Brasileira de Pediatria, por exemplo, indica evitar totalmente essa exposição para crianças menores de dois anos. Já, para as maiores, até cinco anos, o período aceitável é de até uma hora por dia, em média, e sempre com uma supervisão.
Esse é um ponto que merece atenção nas conversas entre a escola e a família, afinal, vale lembrar que o Brasil é um dos países que mais têm celulares no mundo. Da mesma forma, cabe à escola orientar às famílias dos alunos e facilitar a reconstrução de algumas ações educativas, fazê-los olhar para a casa como um laboratório de experiências e permitir que as crianças experimentem um pouco daquilo que elas tinham na escola.
Todas essas práticas de ensino híbrido na educação infantil devem garantir a segurança e a integridade dos alunos, da equipe pedagógica e de toda a comunidade escolar. Portanto, esse novo modelo educacional precisa ser estudado e planejado, a fim de potencializar a experiência de aprendizado, uma vez que não se trata de uma mudança temporária, mas de uma transformação da educação.
Quer ampliar seus conhecimentos sobre esse assunto e conhecer outros métodos de ensino da atualidade? Confira o nosso artigo sobre o que é aprendizado híbrido e como implementar em sua escola.
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