Se colocarmos pessoas de diferentes nacionalidades numa mesma sala para se comunicarem, eles provavelmente não irão tentar falar suas respectivas línguas. Há grandes chances de que tentem se comunicar em inglês uma vez que já sabemos que esse idioma é muito utilizado. Por meio dele, interagimos com pessoas de diversas partes do mundo como nunca fizemos antes e a Internet, sem dúvida, colabora muito para isso.
Por conta disso, incentiva-se que haja o ensino de língua inglesa na educação infantil. Mas, o que se ganha ensinando inglês na educação infantil?
A primeira infância é uma fase bastante importante para o desenvolvimento da curiosidade, gosto pelo conhecimento e aprendizagem. E isso evidentemente se aplica à aprendizagem de uma segunda língua. Aprender a língua inglesa na educação infantil aumenta, e muito, a probabilidade desses alunos se tornarem cidadãos bilíngues, com maior capacidade de desenvolvimento da metalinguagem, facilidade em pronunciar certas palavras e perceber determinada cadência de ritmo da língua. Ao contrário de estudantes com mais idade que tendem a apresentar mais receio em falar em público devido ao medo de exposição, más experiências anteriores e algumas vezes, a uma memória estabelecida por sua identidade cultural e linguística. Além disso, o inglês na educação infantil pode aumentar a tolerância à diferença relacionada às culturas e línguas.
Então, saiba mais neste artigo sobre a relação entre o inglês na educação infantil e os reflexos na formação de cidadãos bilíngues.
Evidências neurológicas do inglês na educação infantil
O bilinguismo tem um impacto positivo na neuroplasticidade cerebral, proporcionando benefícios que vão além do desenvolvimento da linguagem. Antes de tudo, vale compreendermos como funcionam as partes do cérebro que mais participam desse processo de aquisição de uma segunda língua:
- O lado esquerdo do cérebro é
onde os idiomas residem, ou seja, a localização da linguagem, que é chamada de
lobo parietal, responsável por diversas funções, dentre elas:
- Percepção;
- Dar sentido ao mundo;
- Aritmética;
- Tradução.
- A parte da frente do
cérebro, chamada de lobo frontal, que é o centro das funções executivas, assume
dentre outras funcionalidades:
- Pensamento;
- Planejamento;
- Organização;
- Resolução de problemas;
- Emoções e controle comportamental;
- Personalidade
E qual a relação dessas duas partes do cérebro num cidadão bilíngue?
É importante dizer que embora o hemisfério esquerdo tenha controle sobre a fala em mais de 95% dos humanos, TODAS as regiões cerebrais estão envolvidas de alguma forma na linguagem. Isso porque o processo envolve aspectos emocionais, modalidades de memória (visual, auditiva, olfativa) e depende da integridade de inúmeras outras funções do cérebro. Por isso, ao utilizar a linguagem, o cérebro acessa não apenas as partes citadas.
Por um tempo acreditava-se que as línguas agiam separadamente dentro do nosso cérebro, que as línguas que nos constituem estivessem compartimentadas como se houvesse duas cabeças em uma só. A esse tipo de visão, chamamos de visão monolíngue. Por trás dela, existe a ideia de que as línguas se atrapalham e que existe o falante perfeito e ideal.
Recentes linhas teóricas nos apontam que não ocorre dessa forma. Nosso repertório linguístico, conceito trazido por Brigitta Busch, são as línguas/linguagens que nos constituem. Ele é biográfico e muda de acordo com nossa necessidade, experiência de vida e contato com a língua. A essa visão, damos o nome de visão plurilíngue. Entende-se aqui, que as línguas não se atrapalham, mas que formam o todo complexo que é o repertório do sujeito.
Vejam a figura a seguir representando essas ideias:
Portanto, falar mais de uma língua promove uma atividade bastante intensa no centro das funções executivas do cérebro , propiciando não somente uma evolução no âmbito da linguagem, mas em outras áreas que determinam a nossa personalidade. Estudos têm mostrado que, com isso, pessoas bilíngues possuem melhor capacidade de planejamento e organização, são mais flexíveis em seus padrões de pensamento, executam múltiplas tarefas com mais eficiência, são mais conscientes sobre si e conseguem administrar melhor o seu comportamento social, dentre outras vantagens. Mas ressaltamos que nenhum estudo sobre isso é conclusivo. Veja abaixo o que outros estudos apontaram nessa linha:
Processos cognitivos em bilíngues
Algumas áreas do cérebro relacionadas à linguagem ficam mais robustas, ao utilizar dois idiomas frequentemente, e apresentam mudanças na forma de se conectar com outras partes. E esse exercício constante da mente, comum nos bilíngues, de interpretar o que está à nossa volta é o que chamamos de processos cognitivos, e resulta até em mudanças físicas no próprio cérebro.
Em laboratório, neurocientistas notaram diferenças funcionais entre bilíngues e monolíngues, especialmente em três áreas cognitivas:
- Memória: indivíduos bilíngues têm uma capacidade maior de memória operacional, em relação aos monolíngues, também conhecida como memória de trabalho. Ou seja, não se trata de lembranças mais antigas, mas a possibilidade de lembrar e utilizar informações mais recentes, como números, fórmulas, conceitos, para diversas situações.
- Percepção: bilíngues também se destacaram quando precisaram se colocar na posição do outro e ver a vida de outros ângulos.
- Atenção: com uma maior flexibilidade cognitiva, o bilíngue tem maior capacidade de alternar entre dois estados mentais distintos. Se ele precisar pausar uma tarefa para realizar outra, como parar de ler um livro para falar com alguém, por exemplo, existe uma facilidade maior, caso precise alternar o seu foco.
Além disso, o cérebro bilíngue tem uma maior reserva cognitiva, ou seja, ele tende a envelhecer melhor. Quando se usa inglês na educação infantil ou duas outras línguas regularmente desde a infância, há um aprimoramento dessa reserva cognitiva com o passar do tempo, de modo que se cria uma proteção contra a deterioração causada pelo envelhecimento.
Diversos estudos recentes apontam que as doenças degenerativas, como Parkinson e Alzheimer, aparecem mais tardiamente e até têm os seus sintomas atenuados nos indivíduos bilíngues.
Tudo isso é muito relevante, mas não podem ser considerados os únicos fatores que justificariam o ensino de um outro idioma na educação infantil. Gostaríamos de destacar outros aspectos além desses que são mais conhecidos e amplamente divulgados.
Objetivos do inglês na educação infantil
Quem nunca ouviu a frase: “Quanto mais cedo se aprende outro idioma, melhor”? Iniciamos nosso artigo falando justamente disso e também porque isso pode ser considerado correto até certo ponto.
Oferecer uma educação bilíngue desde a educação infantil vai além de tudo que colocamos até o momento. Não só uma questão de ser melhor porque a criança não tem o mesmo filtro social que o adulto e nem porque desenvolve o cérebro de uma determinada maneira. Ao falar mais de um idioma, a criança tem a oportunidade de ter contato com letramentos. Mais do que ler e escrever em outra língua, ela caminha para uma leitura de mundo mais ampla porque percebe que há mais de uma forma que os seres humanos utilizam para se comunicar e portanto, há mais de uma forma de pensar sobre o cotidiano e sobre a vida:
“Além disso, entre os letramentos necessários para o exercício da cidadania plena na atualidade, entendo a aprendizagem do inglês como um recurso de importância basilar, não só pelo seu caráter instrumental, mas também, e principalmente, pelo seu potencial de promover o contato entre as diferenças, com vista à (re)construção de novas identidades e conhecimentos que viabilizem o contínuo engajamento do indivíduo em novos discursos”(MOITA LOPES, 2003)
Se está em contato desde cedo com letramentos múltiplos e críticos, as crianças desde cedo agem com maior autonomia e criticidade nas relações. A partir da articulação de novos olhares e possibilidades de comunicação, aproximamos mais efetivamente a escola da vida, bem como da construção da cidadania, de forma “ética, crítica e democrática”. (ROJO, 2009, p.107)
Quando a educação bilíngue acontece por meio de práticas de linguagem (textos orais e escritos que circulam pela sociedade) vemos que a linguagem não está separada do seu contexto de uso e que devemos levar em consideração especificidades de situações sociais que integram a vida cotidiana observando que ela está para além de formas de interação, mas também para participação, valorações e visões de mundo. Isso significa estar abertos a novos conceitos, novas ideias, novas perspectivas.
No contexto escolar, ao adotar o inglês na educação infantil despertamos o interesse do aluno pelo idioma, com uma metodologia focada na compreensão e comunicação oral, por meio de atividades lúdicas, pela convivência e com situações que dizem respeito ao universo infantil e a cultura da infância. Mas também iniciamos nesse processo de ampliar de forma crítica sua visão sobre o mundo, sobre culturas e sobre diferenças.
Inglês na educação infantil e a formação de cidadãos bilíngues
Uma coisa é certa: aprender um idioma novo vai além da possibilidade de aumentar o conhecimento, mas permite entender as culturas de outros povos, sob uma perspectiva intercultural. E, quando se trata de crianças, além da facilidade na pronúncia, não existem preconceitos ou outras amarras enfrentados pelos adultos.
Além disso, já é sabido que o inglês:
- É uma língua muito falada no mundo;
- Pode trazer oportunidades de trabalho e ascensão profissional na carreira;
- Atrai recrutadores de empresas;
- Permite acessar universidades do mundo, inclusive cursos à distância;
- Proporciona mais segurança ao viajar;
- Possibilita entender outras culturas;
- É acessível;
- É uma forma de se conectar com o mundo.
Mas não se resume a isso. Também temos:
- Valorização da diferença e respeito pelo outro;
- Análise crítica de estereótipos e preconceitos;
- Estímulo da prática de solidariedade
- Compreender e valorizar a crescente interdependência mundial;
- Reconhecer, valorizar e respeitar a diversidade cultural, étnica e cultural dos povos;
- Resistir a ideia de inimigo;
- Favorecer a tolerância.
Para conhecer um pouco de como acontece o ensino de uma língua adicional da educação infantil até o ensino fundamental anos finais, lançamos o nosso plano de aula de inglês para educação infantil até o ensino fundamental II que já está disponível para baixar. Esse material completo foi elaborado especialmente para o uso da segunda língua, envolvendo contação de histórias, educação física, arte, música, além de materiais complementares, como áudios, flashcards e apresentações. É totalmente gratuito, confira!
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