Uma boa relação entre família e escola começa quando essas duas instituições sociais cumprem seu devido papel na formação das crianças, afinal, uma precisa da outra. E, diante do novo cenário, em tempos de pandemia e da consequente necessidade de aproximação desses dois lados, é fundamental que haja uma reflexão sobre qual é, de fato, a função de cada uma das partes nesse processo educacional.
Antes de tudo, é importante lembrar que a família é o ponto de partida quando se pensa na educação da criança, uma vez que ela é a primeira instituição na vida do aluno, a que transmite os seus valores, crenças, cultura, hábitos, costumes e tudo o que concerne ao ambiente doméstico.
Já a escola entra como uma instituição complementar, que atende às necessidades para uma educação formal, e é o ambiente onde todos os valores aprendidos se confrontam e se agregam a outros valores sociais. Tudo isso está previsto na nossa constituição e, assim, fica clara a importância de um trabalho educacional em conjunto, tornando família e escola uma parceria necessária.
Como acontece a interação família-escola no processo de aprendizagem?
Quando os pais escolhem a escola do seu filho, eles estão acatando a proposta e os valores daquela instituição como o local ideal para confiar a educação do seu pequeno. Mas essa decisão é apenas o começo do processo.
Atualmente, até por conta das questões sociais, pais e mães muitas vezes precisam trabalhar fora de casa na maior parte do dia, e a criança, por conta disso, acaba passando um longo período na escola.
Esse é um dos principais exemplos que evidenciam a interdependência entre as duas esferas e o valor do diálogo, algo que deve estar sempre muito presente entre família e escola. Essa interação envolve justamente a comunicação direta dos familiares com a instituição e vice-versa, o que deve acontecer nas reuniões escolares, por exemplo, infelizmente ainda muito negligenciadas por algumas famílias.
São nesses encontros que os pais poderão realmente conhecer o projeto político pedagógico da escola, os valores e missão da mesma, o professor, os projetos trabalhados, as atividades desenvolvidas e o rendimento dos seus filhos na escola. Além disso, trata-se de um dia preparado para que os profissionais possam prestar todos os esclarecimentos e em que, geralmente, é mostrado aos familiares, por meio de fotos ou vídeos, o que acontece no ambiente escolar e a reação das crianças aos diversos estímulos durante a aprendizagem. Então, o engajamento das famílias nesse sentido, contribuindo para uma aproximação, se torna crucial para validar tanto o desenvolvimento da criança no ambiente escolar quanto o trabalho da escola, criando, assim, um laço de confiança ainda mais forte na relação família-escola.
Relação família-escola na educação infantil
Ainda sobre o aspecto da confiança, em primeiro lugar, o tipo de relação e as impressões que os pais mostram em relação à instituição refletem diretamente no desempenho do aluno em sala de aula. Quando a família não valida a escola de alguma forma, a criança passa a assumir uma posição contrária no ambiente escolar e, consequentemente, o professor acaba perdendo a sua autonomia. As crianças ou jovens precisam compreender que a família e a escola estão em concordância nesse processo.
O segundo ponto está na iniciativa dos familiares estabelecerem uma comunicação direta com a escola, o que é fundamental para evitar ruídos e mal-entendidos. Atualmente, com a Internet, é comum que, em quaisquer circunstâncias, a família procure pelos pais de outros alunos para obter esclarecimentos sobre algum ocorrido ou informação em grupos de mensagens, por exemplo, sem checar diretamente com a escola.
Essa postura, bastante comum nas famílias das turmas de educação infantil, muitas vezes, faz com que algo simples tome proporções equivocadas e crie um atrito entre a família e a escola.
A relação entre essas duas instituições perpassa uma série de atitudes que são de responsabilidade de toda a comunidade escolar e, ainda que cada uma tenha o seu papel, por vezes é necessário que uma contribua com a outra.
Como exemplo, cabe aos pais compartilhar com a escola o que não está funcionando em relação à aprendizagem da criança, as suas dificuldades ou outros problemas. A família pode ajudar a escola a saber se o processo educacional está indo bem ou não. E a escola, por sua vez, deve assumir o seu papel de ouvinte e checar as informações necessárias.
Além disso, algumas decisões em relação às regras da escola, horários, mudanças de professor, dentre outras que não influenciem no âmbito pedagógico e de conteúdo, podem ser conversadas e negociadas, como um sinal de postura democrática da escola com as famílias.
Por outro lado, a instituição de ensino também deve interferir em algumas circunstâncias familiares, principalmente aquelas que infringem as regras da nossa legislação, como o ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente) e a LDB (Lei de Diretrizes e Bases), que garantem a proteção da criança. Seja em escolas particulares ou públicas, se alguma criança aparece com hematomas ou mal-cuidada, ou ainda, se percebe-se que um aluno não tem se alimentado adequadamente, a escola tem que agir. Muitas vezes, a própria criança aborda esse tipo de assunto do dia a dia com a educadora e isso tem que ser tratado de forma sensível com os pais. Em casos mais específicos, como maus tratos, é obrigação da escola direcionar o caso ao Conselho Tutelar.
Confira nosso artigo a LDB e educação a Distância!
Família e escola em tempos de educação remota
Diante de tantos acontecimentos e questões a lidar devido às consequências da pandemia, as famílias se viram com mais esse aspecto para cuidar, a educação remota dos filhos. E as escolas, que também se viram diante de uma situação sem precedentes e precisaram paralisar as suas programações, passaram a tomar suas providências.
Confira aqui o nosso artigo sobre parceria e apoio durante a pandemia.
Algumas instituições anteciparam as férias tanto para os alunos quanto para os professores na tentativa de ganhar tempo, outras se organizaram imediatamente para enviar as demandas de sala de aula aos alunos em casa. Professores passaram a gravar videoaulas e postar para as turmas, muitas vezes, vencendo suas dificuldades com a tecnologia. Enfim, grande parte das escolas passou a adotar novos recursos para atender às necessidades desse cenário, na tentativa de seguir adiante com o ano letivo.
Mais do que nunca, está sendo indispensável estabelecer uma parceria família-escola de forma saudável. Afinal, as escolas estão fazendo o melhor que podem para cumprir com a sua programação de conteúdos, e as famílias, por outro lado, também estão se empenhando para acompanhar os seus filhos nos estudos e ajudá-los no que for possível.
Então, a cooperação mútua é a chave para uma relação de confiança entre família e escola na pandemia. Os familiares não devem assumir o papel de professor. O que se espera das famílias neste momento é apoio, no sentido de estabelecer e fiscalizar a rotina de estudos para a execução das atividades enviadas pela escola e a garantia aos seus filhos para terem um bom desempenho em casa.
De fato, esse acompanhamento já deve existir na rotina da família, independentemente de aulas remotas ou presenciais. Contudo, isso agora precisa ser feito de modo mais intenso e presente, se possível. Ademais, o aluno compreende que também pode contar com outros canais para buscar esse conhecimento, aprendendo a estudar sozinho e a pesquisar, sempre com o apoio e orientação da escola. E, principalmente quando se trata de crianças menores, quem precisará fazer essa ponte são justamente os pais, que também não devem hesitar em pedir ajuda sempre que sentirem necessidade.
O importante é compreender que família e escola juntas podem fazer com que esse período de aulas em casa seja mais proveitoso e eficiente. Afinal, esses dois lados compartilham o mesmo propósito, que é o desenvolvimento e a formação educacional da criança, e devem se apoiar nos dois pilares essenciais para que isso aconteça: a colaboração e a confiança.
- Diversidade cultural na escola - 20 de abril de 2022
- A importância de parcerias no ambiente de trabalho escolar - 23 de fevereiro de 2022
- Como acontece a adaptação na Educação Infantil - 28 de julho de 2021