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Neurociência e bilinguismo infantil

Publicado por Priscilla Lucenaem 17 de junho de 20206 de junho de 2024

O cérebro da criança é dotado de uma exuberância sináptica. Isso porque há muitas possibilidades de conexões e, por consequência,  aprendizado. Por conta disso, defende-se que crianças devem aprender uma segunda língua desde a primeira infância.

Mas quais são as contribuições da neurociência a respeito? Vamos abordar aqui algumas contribuições que esta área pode trazer para a educação bilíngue.

Neurociência aplicada à educação traz muitos benefícios às crianças, adolescentes e adultos. Entender como o cérebro aprende, o que está por trás de determinados comportamentos e dificuldades, contribui para que professores estejam mais preparados para atuar em sala de aula.

O que é neurociência?

A neurociência, de forma geral, estuda o funcionamento do sistema nervoso. Ela ajuda a entender os processos que estão relacionados à aprendizagem. Neurociência e educação podem caminhar juntas para que educadores, após entenderem esses processos, possam refletir sobre práticas pedagógicas.

Esta área traz contribuições por meio da investigação de aspectos biológicos da atenção e memória, a neurobiologia das emoções, a cognição numérica, os mecanismos neurais da leitura e os efeitos do bilinguismo.

Neurociência e Bilinguismo

Nos primeiros anos de vida, a quantidade de sinapses (as conexões, as comunicações entre os neurônios) atinge picos em fases de desenvolvimento específicas e uma dessas fases é aos 12 anos. Neste momento, o cérebro elimina algumas ligações, mantendo apenas aquelas que são úteis  para as pessoas. Siegel (2016), refere-se a isso como “podar uma árvore”. Mas o que isso significa? Que na adolescência, as sinapses que são utilizadas irão permanecer e as que não são poderão enfraquecer e ser eliminadas.

Quanto mais velhos ficamos, mais difícil é aprender novas habilidades. Enquanto somos crianças, as conexões estão ali e tudo que temos de fazer é selecionar (Siegel, 2016). A medida que envelhecemos, precisamos de mais esforço e dedicação.

Aprender uma segunda língua enquanto adulto, por exemplo, é possível. Entretanto, a criança, por conta  da exuberância sináptica e também por ter menos filtros sociais do que o adulto, que necessita de aceitação e tem medo do julgamento, aprende com mais fluidez. Ela se permite brincar com a linguagem, errar, falar sem medo. Além disso, o adulto também tem vícios de linguagem que podem interferir na aprendizagem de um outro idioma.

É importante mencionar isso, porque ao contrário do que se achou durante muito tempo, não são só as crianças que possuem estrutura biológica para aprender fluentemente uma segunda língua. Não há estudos que dizem que  isso não seja possível em adolescente e adultos. Entretanto, elas têm mais facilidade por conta dos fatores que já mencionamos aqui. Elas se encontram em um período de grande neuroplasticidade.

Na última década, BIALYSTOK E FENG, 2008 e ALLADI et al., 2013 têm se dedicado aos estudos do cérebro bilíngue e suas descobertas apontam que o bilinguismo traz benefícios cognitivos como o aumento do controle inibitório. Para Kroll e Bialystok (2013), isso ocorre porque falar um idioma geralmente envolve suprimir a ativação do idioma que não é o alvo naquele momento, para que a língua alvo seja ativada no momento da comunicação.

Funções Executivas

O controle inibitório faz parte das funções executivas, habilidades cognitivas que permite controlar e regular pensamentos, emoções e ações diante de conflitos e distrações. Para Diamond (2013), as funções executivas dependem de três habilidades:

1-Controle inibitório: é a capacidade de resistirmos a fazer algo para privilegiar a ação desejada.

2- Memória de Trabalho: é a capacidade de controlar as informações na mente, utilizá-las para conectar ideias, calcular mentalmente e estabelecer prioridades.

3- Flexibilidade Cognitiva: é a capacidade de pensar de forma criativa e de se adaptar às demandas inconstantes.

A interligação entre as áreas de Neurociência e educação infantil podem ajudar as crianças a desenvolverem essas habilidades por meio de brincadeiras como: peek-a-boo (escondeu e achar bebês por meio de um pano ou com as mãos),  empilhar blocos e derrubá-los e pedir que os bebês façam o mesmo, brincar por meio do jogo simbólico, brincar de imitar, pular, correr, jogar e pegar bola, brincar de estátua. Por meio de uma educação bilíngue, as crianças podem ter essa experiência em segunda língua. Veja neste artigo outros motivos pelos quais o bilinguismo na educação infantil podem contribuir para o desenvolvimento cerebral das crianças.

Segundo Bialystok (2009), estudos mostram que crianças bilíngues apresentam desempenho melhor em tarefas metalinguísticas que exijam controle de atenção, memória de trabalho e inibição.

Mais contribuições da Neurociência para Educação Bilíngue

Ao contrário do que se acreditou por muito tempo, aprender dois idiomas ao mesmo tempo pode ser uma experiência cognitiva muito rica para a educação das crianças. Ela se torna capaz de organizar as estruturas linguísticas de cada uma delas, as regras de uso e de significados de modo a se comunicar bem em ambos os idiomas. Este é um dos neuromitos que perpetuam o bilinguismo. Para saber sobre este e outros mitos, acesse o artigo Mitos e Verdades sobre Bilinguismo.

É muito comum em fases iniciais de aquisição de uma segunda língua, a criança usar os dois idiomas na mesma oração, por exemplo. Isso acontece porque ela está usando todo seu repertório linguístico. Ela faz isso para compensar a falta de conhecimento utilizando-se de palavras que conhece melhor. Isso demonstra o interesse da criança em se comunicar e se fazer entender usando todos os recursos linguísticos que dispõe.

É importante ressaltar que a qualidade e a quantidade de exposição, a frequência de uso das línguas, a motivação e a necessidade para usá-las são elementos importantes no aprendizado da língua adicional.

Sendo assim, a neurociência e a educação bilíngue são duas áreas de grande contribuição para o desenvolvimento cognitivo das crianças. Ao procurar conceitos da neurociência para entender como o cérebro aprende, como se aprende uma segunda língua e os papéis das funções executivas na aprendizagem, contribuímos para que haja uma experiência educativa muito potente e significativa.

Para conhecer outros benefícios do bilinguismo, leia esta matéria.

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Formada em Letras e Pedagogia. Pós-graduada em Metodologia do Ensino de Língua Inglesa e Metodologia e Práticas Bi/Multilíngues.
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