O que é educação 4.0?
A Educação 4.0 é uma nova proposta pedagógica, que acompanha as demandas atuais, tanto em relação ao mercado de trabalho quanto à eficiência no processo de ensino e aprendizagem. Ela é reflexo de uma nova revolução industrial, ou indústria 4.0, caracterizada pela utilização da alta tecnologia para a produção de bens de consumo. Dessa forma, entram em cena a inteligência artificial, o big data e a internet das coisas (IoT – Internet of things).
Porém, a maioria das escolas não acompanhou essa evolução e segue a mesma metodologia do século XIX, marcada por um modelo em que o professor fica responsável por transmitir o conhecimento, os alunos são basicamente copistas, os conteúdos são previsíveis e há poucas atividades estimulantes.
A linha do tempo a seguir ilustra as mudanças na educação através dos tempos, desde o início do processo de industrialização no País, quando o ensino deixou de centrar na formação de sacerdotes e catequizar os índios, até a tendência educacional de um futuro que já chegou.
Essa nova abordagem na educação vem para extinguir a era da “decoreba” e surge com uma proposta pedagógica compatível às demandas atuais, tanto em relação ao mercado de trabalho quanto à eficiência no processo de ensino e aprendizagem.
Nesse artigo, vamos destrinchar o conceito da educação 4.0, entender como ela funciona e como as instituições de ensino podem dar seus primeiros passos em direção ao futuro.
Metodologias ativas
A educação 4.0 está diretamente ligada ao conceito do learning by doing, ou “aprender fazendo”, que é pautado nas metodologias ativas. Essa tendência do “colocar a mão na massa” nas escolas é defendida por diversas referências em educação, seja por meio de mudanças progressivas ou mais amplas, conforme explica o doutor em comunicação pela USP e autor do livro “Metodologias Ativas para uma educação inovadora”, José Manuel Moran:
“No caminho mais suave, elas (as escolas) mantêm o modelo curricular predominante – disciplinar – mas priorizam o envolvimento maior do aluno, com metodologias ativas. Outras instituições propõem modelos mais inovadores, disruptivos, sem disciplinas, que redesenham o projeto, os espaços físicos, as metodologias, baseadas em atividades, desafios, problemas, jogos e onde cada aluno aprende no seu próprio ritmo e necessidade e também aprende com os outros em grupos e projetos, com supervisão de professores orientadores.”
Segundo José Armando Valente, professor da Unicamp e da PUC-SP, em entrevista ao site Nova Escola, o currículo do sucesso contempla projetos, investigação, resolução de problemas, produções de narrativas digitais e a adoção de tarefas maker. “Não devemos esperar algo pronto, o processo da educação 4.0 está em criação”, ele complementa.
Também fazem parte das metodologias ativas na educação 4.0 o ensino híbrido, ou blended learning, que mistura o on-line e off-line, e as salas de aula invertidas, um método que propõe a preparação prévia do aluno antes de ir à aula. Assim, o estudante, normalmente por meio de plataformas on-line alimentadas pelo próprio professor, estuda o conteúdo antecipadamente para debater em classe, tirar dúvidas e desenvolver projetos.
Da mesma forma, o modelo STEAM chega ao Brasil como uma metodologia ativa vinda dos Estados Unidos. STEAM representa a sigla em inglês para Ciências, Tecnologia, Engenharia, Artes e Matemática e é totalmente baseado em projetos. Ele contempla a integração das cinco disciplinas e o currículo é montado por temas ou competências centradas nas ciências exatas.
Essa adaptação das escolas ao mundo digital é uma necessidade que atende não só às exigências de um emprego do futuro, mas como uma alternativa de gerar o interesse por parte dos alunos. Pois, com a devida autonomia, eles passam a se engajar na busca de respostas e soluções para problemas reais, dialogar uns com os outros, trocar conhecimentos e experiências. O tema transformação digital nas escolas foi abordado com mais profundidade em nosso artigo “4 tendências de uma escola do futuro“.
“Temos que sair de um modelo diretivo para um modelo colaborativo.
”Eugênio Cunha
(Doutor em Educação)
Para saber mais sobre as metodologias ativas, abordamos esse assunto no nosso artigo “5 maneiras de diferenciar a sua escola da concorrência“.
Estrutura da educação 4.0
A valorização do coletivo é um dos pontos cruciais na educação 4.0, o que propõe mudanças tanto no comportamento quanto no ambiente escolar. Muitos são os benefícios de uma sala de aula inovadora.
“Espaços padronizados tendem a produzir ideias padronizadas”
Dilbert
A tradicional sala de aula com cadeiras enfileiradas, voltadas exclusivamente ao professor, dá lugar a uma reorganização. O ambiente passa a ser montado para que todos possam se comunicar e interagir de forma lateral.
Assim, cai o modelo da hierarquização da informação e ascende a sua democratização. Dessa forma, o professor assume um papel mais complexo, de curador e orientador, não sendo mais o único transmissor de conhecimento.
“Ele (o professor) tem que ser competente intelectualmente, afetivamente e gerencialmente (gestor de aprendizagens múltiplas e complexas). Isso exige profissionais melhor preparados, remunerados, valorizados.”
José Manuel Moran
Porém, como ficam as escolas sem recursos financeiros para adotar a educação 4.0?
“Em escolas com menos recursos, podemos desenvolver projetos significativos e relevantes para os alunos, ligados à comunidade, utilizando tecnologias simples como o celular, por exemplo, e buscando o apoio de espaços mais conectados na cidade.”
José Manuel Moran
Investir em ferramentas digitais não é algo barato, mas a boa notícia, em especial às escolas públicas, é a aprovação da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), que tornou a tecnologia uma das competências de ensino, permitindo assim, o reconhecimento de sua importância: comunicar, acessar e disseminar informações, produzir conhecimentos e resolver problemas.
Portanto, já existe o Programa de Inovação para a Educação Conectada, que leva conectividade às escolas, o que representa um grande avanço na educação brasileira.
Corpo docente
“Nós, professores, temos que aprender a trabalhar com a tecnologia”, afirma a professora e colunista do site Nova Escola, em entrevista ao canal Futura.
Durante a conversa, especialistas da área discutem sobre a dificuldade dos professores em acompanhar esses avanços e aplicá-los na educação, o que torna a tecnologia ainda um desafio, principalmente por não ter feito parte da formação desses profissionais, diferente das gerações atuais de nativos digitais.
Com as rápidas mudanças no processo educacional, é importante que as instituições estimulem seus professores para que se atualizem sobre a educação 4.0, indústria 4.0 e novas tecnologias. Dessa forma, eles podem se sentir mais seguros para testar novos formatos de ensino e adaptação de conteúdo. Nesse contexto, trazer jogos para a sala de aula pode ser uma boa opção.
Entretanto, um dos principais desafios para as escolas e profissionais da educação do século XXI é justamente desenvolver métodos para atrair a atenção dos alunos, de forma que eles superem o que a internet é capaz de entregar, e trabalhar com a transdisciplinaridade.
Aluno protagonista
Nesse processo da educação 4.0, o aluno naturalmente torna-se o protagonista, uma vez que ele se vê com autonomia para movimentar-se, criar, pesquisar e chegar a um resultado por seus próprios meios. O estudante passa a ter um convívio com ferramentas digitais e a aprender técnicas de resolução de problemas com a metodologia de Design Thinking.
Além da parte técnica, com a educação 4.0, o aluno vivencia uma imersão nas relações humanas, por meio de trabalhos em grupo e debates, o que desenvolve competências socioemocionais, pensamento crítico, resiliência e colaboração.
Bem como, o estudante passa a aceitar o erro, visto que é algo mais rotineiro quando se trata de experimentações. Assim, ele consegue gerenciar algo que sempre foi motivo de punição no próprio sistema escolar.
Segundo Marta Relvas, professora de Neurobiologia da Aprendizagem, o processo da educação 4.0 deve começar na Educação Infantil, valorizando os processos criativos da criança, o seu poder de observação e seu cérebro de “pesquisador” natural.
Com a educação 4.0, a sala de aula transborda para além do espaço físico, alunos e professores exploram novos territórios e aprendem a aprender. Afinal, “A única fonte de conhecimento é a experiência”, como dizia o professor e físico mais famoso de todos os tempos, Albert Einstein.
E a sua escola, está preparada para essa nova tendência da Educação 4.0?
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