Um assunto que não é novidade no universo educacional, mas nunca esteve tanto em evidência como hoje em dia, são as metodologias ativas de aprendizagem, com uma proposta de formação integral ao aluno.
Nessa modalidade, o aluno aprende fazendo, interagindo e construindo, em contato com o objeto de estudo e com os seus colegas, desenvolvendo o pensamento crítico, comunicação, colaboração e criatividade.
São diversas as práticas envolvidas nas metodologias ativas de aprendizagem, dentre elas o estudo de caso, análises, sala de aula invertida, discussão de teorias, solucionar problemas em grupo, entre outras atividades utilizadas por algumas escolas e universidades, a fim de preparar o aluno para a vida profissional e, assim, atender às necessidades reais da sociedade.
Metodologia ativa na educação
Existem diversos estudos que comprovam vantagens significativas da aprendizagem ativa em relação à tradicional, levando em consideração seus métodos, aplicações e formas.
Assim, a partir dessas evidências científicas somadas à necessidade de atender o educando de uma geração digital e multitarefa, surge um novo paradigma educacional. As metodologias ativas de aprendizagem vêm como uma forma de aprimorar o modelo tradicional de ensino – centrado no professor –, que ainda é predominante na maioria das escolas brasileiras.
Esse método de aprendizagem ativa tem como principal característica, além do aspecto experiencial, colocar o estudante no centro do processo educacional, fazendo com que ele crie autonomia para construir seu conhecimento e agir positivamente no mundo.
O diretor de inovação pedagógica Thiago Almeida, em entrevista ao canal Futura, defende e adota as metodologias ativas de ensino aprendizagem:
“Os alunos sentem que são avaliados de forma mais justa, sentem que se desenvolvem de forma mais plena, mais holística. Eles levam de forma muito natural o que aprendem na instituição para as suas vidas. Então, eles começam a levar para o trabalho, para a família, para o círculo de amigos, porque é uma experiência transformadora.”
Nessa proposta, é importante que o estudante experimente mais, não fique somente em uma posição passiva e procure agir de forma mais independente. Porém, sempre com a orientação do professor, que, por sua vez, não é mais o único responsável por transmitir o conhecimento pronto. Dessa forma, além de experimentador, o educando desperta também o seu lado empreendedor.
Acompanhando as evoluções do mundo de hoje, é necessário aproveitar todo o potencial das tecnologias digitais que servem como apoio na hora de adotar as metodologias ativas de aprendizagem. Atualmente, o aluno tem a possibilidade de realizar pesquisas diversas por conta própria e, portanto, se preparar, para que em sala de aula o tempo seja mais bem aproveitado, com um aprofundamento no tema, ampliação e debate.
Segundo José Moran, pesquisador na área da educação e referência em metodologias ativas de aprendizagem, o planejamento de aulas – tanto do curso presencial quanto à distância (Ead) – deve ser mais flexível, aberto e, de certa forma, negociado com o aluno para a realização de projetos. Ele afirma que esse é um grande desafio, pois trata-se de planejar algo que é previsível, tem um tempo estipulado, e conta com percursos mais flexíveis, ao mesmo tempo que deve promover a interação entre alunos, alternando o aprendizado de forma individual e em grupo.
Moran alerta que o conteúdo escolar sempre é importante, mas ele muda muito. Portanto, é necessário escolher as possibilidades mais relevantes e adaptá-las ao cotidiano dos alunos, fazendo com que o aprendizado se torne significativo para as suas vidas. “Se o aluno percebe que tudo o que tem para aprender tem algo a ver com a vida dele, então o conteúdo se torna importante”, afirma ele.
Além dessa adaptação à rotina, o pesquisador defende que o aprendizado também deve ser relacionado com o conhecimento prévio e as práticas do dia a dia de cada um e, por isso, as metodologias ativas de aprendizagem adotam os jogos (gamificação), vídeos, o mundo da narrativa, da construção de histórias, entre outras atividades dinamizadoras. “Diversificar essas técnicas torna a discussão, a análise e a síntese mais atrativas”, diz Moran.
“Na aprendizagem baseada em projetos, você abre espaço para o estudante trazer os seus interesses. Então, não adianta a escola adotar a metodologia ativa, mas continuar controlando o processo inteiro, planejando tudo, decidindo o que vai acontecer em cada minuto da experiência do estudante.”
Thiago Almeida
Exemplos de metodologias ativas de ensino aprendizagem
“O que eu ouço, eu esqueço; o que eu vejo, eu lembro; o que eu faço, eu compreendo.”
Confúcio
Existem diversos tipos de metodologias ativas de aprendizagem que podem aprimorar o processo de ensino e reelaborar a cultura escolar. Então, vamos citar aqui algumas das técnicas mais comuns nas instituições de ensino.
Aprendizagem baseada em problemas
A partir de uma preparação prévia dos alunos, que estudam um conteúdo específico antes da aula, o professor apresenta um problema em sala para que os alunos solucionem. A solução tem como referência a matéria estudada em casa pelos alunos, que resolvem o desafio de forma colaborativa, explorando a sua capacidade crítica e de investigação, utilizando os recursos disponíveis. O professor terá o papel de mediador, orientando quando necessário.
Aprendizagem baseada em projetos
Semelhante à anterior, o estudante também trabalha em cima de um problema. Porém, nesse caso, a finalidade é colocar a solução em prática ou construir um projeto, integrando diferentes áreas de conhecimento. Essa abordagem estimula o pensamento crítico, a criatividade e o trabalho em equipe.
Sala de aula invertida (flipped classroom)
A inversão, nesse caso, é que o estudo para o aluno começa em casa, com um material indicado pelo professor, normalmente textos e/ou vídeo-aulas. Então, em sala de aula, o tempo é mais bem utilizado para o aprofundamento do tema junto com o professor, que aproveita para sanar possíveis dúvidas, e a interação com os colegas de classe. Uma das vantagens desse método é que cada aluno aprende a teoria no seu próprio ritmo, podendo pausar e retomar a matéria sempre que precisar.
Estudos de caso
A diferença desse método para a aprendizagem baseada em problemas é que, nessa situação, se tratam de problemas reais. Geralmente são questões mais complexas, ligadas a algum fenômeno ou evento ocorrido, e que, para chegar à conclusão, demanda uma conexão de ideias e teorias.
Aprendizagem entre pares e times
Como o próprio nome diz, nessa metodologia, a turma é divida em grupos para a realização da atividade. A partir daí, o professor propõe um exercício, que pode ser orientado pelos métodos que citamos anteriormente. O foco é que haja interação entre os alunos, compartilhamento de ideias, colaboração e, assim, eles aprimorem as suas habilidades de se relacionar, lidar com a divergência de opiniões e solucionar problemas em grupo.
Por fim, as metodologias ativas de aprendizagem devem se adequar aos objetivos pretendidos. Caso o foco seja desenvolver a proatividade, as atividades em aula devem permitir que os alunos sejam expostos a problemas cada vez mais complexos, tomem decisões e avaliem os resultados. Se o propósito é despertar a criatividade, da mesma forma, as técnicas utilizadas em sala devem possibilitar essa iniciativa dos estudantes. E, assim, vamos ao encontro de uma das habilidades mais exigidas do século XXI, aprender a aprender.
“Se desenharmos um ambiente de aprendizagem para a média, fazemos esse ambiente para ninguém”
Todd Rose
(Livro The End of Average)
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